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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O enigma de Kaspar Hauser, Werner Herzog (Alemanha, 1974)

"Aqui jaz um desconhecido assassinado por um desconhecido." 


Breve Resenha do filme O enigma de Kaspar Hauser, 1974

No fim do ano passado, durante uma aula de línguistica, ouvi pela primeira vez o nome Kaspar Hauser, e de cara me encantei! A professora nos apresentou o filme alemão “O enigma de Kaspar Hauser”, dirigido por Werner Herzog, do ano de 1974, e apesar de achar o começo (depois percebi que está sensação percorreu o filme todo) um pouco “pesado”, no sentido de dar voltas e ser monótono, a história é íncrivel, e nos faz refletir sobre muitas questões. É um prato cheio para qualquer estudante de Letras, ou ainda, curiosos de plantão.
The Enigma of Kaspar HauserO filme “O enigma de Kaspar Hauser” nos faz refletir sobre questões como a aquisição da linguagem e se esta aquisição estaria ligada com as experiências vividas no “mundo físico”, além de outras questões interessantes como até que ponto a linguagem é capaz de alcançar o pensamento?
Kaspar Hauser é um rapaz que vive há anos trancado em um quarto escuro, ele jamais saiu de lá, e jamais teve algum tipo de contato social. Por conta destas condições, Kaspar além de não falar também não possui parte de suas funções motoras.
The Enigma of Kaspar Hauser (Photo credit: Wikipedia)
A partir daí podemos compreender o quanto, não somente o convívio social, mas também experiências simples que vivenciamos desde pequenos em nosso dia a dia, contribuem para o processo de assimilação e assim, desenvolvimento da fala.
Mesmo Kaspar saindo da clausura e passando a conviver em sociedade, para ele, nada faz sentido. Para ele, seu quarto é maior que a torre, apenas porque ao se virar, de todos os ângulos, ele ainda pode ver as paredes, já a torre, ao se virar, ela “desaparece”.
Outro ponto importante é a questão de como o medo pode ser algo criado, e não um evento natural. Kaspar é atraído por uma vela, mas, após se queimar, aprende que a o fogo machuca e passa a ter medo.
Contudo, observamos que mesmo aprendendo a falar e escrever, Kaspar não compreende os signos. Quando nós falamos a palavra cadeira, por exemplo, automaticamente nos vem à cabeça a imagem de uma cadeira, mas para Kaspar isso era impossível, uma vez que ele jamais viu uma cadeira, o que reforça a importância do processo de assimilação, que nada mais é do que um processo cognitivo, que consiste em classificar novos eventos com base em esquemas já existentes.
Algumas curiosidades sobre o filme
  • Para o papel principal, Werner Herzog convidou um ator que segundo boatos, permaneceu por opção Anônimo, e assim, foi “apelidado” de Bruno S. pelo próprio diretor e equipe;
  • O ator principal passou por diversos problemas de ordem psicológica, tendo sido abandonado pela própria mãe, além de “internado” em uma casa de correção por mais de 20 anos;
  • O filme é baseado em fatos reais, e o personagem Kaspar de fato existiu ; assim como no filme, o garoto solitário e “sem fala” teria sido encontrado ano de 1828 em Nuremberg;
  • Segundo algumas teorias, Kasper seria na verdade filho do príncipe Charles de Bade e de Stephanie de Beauharnais, uma sobrinha de Joséphine de Beauharnais, casados por ordem de Napoleão;
  •  Kasper teria sido roubado de sua mãe, pois assim, a herança da coroa pasaria para uma nova linhagem;
  • Além do ótimo filme, também existe um livro chamado “Kasper Hauser ou a fabricação da realidade”, de Izidoro Blikstein, da editora Cultrix.
publicada originalmente em:  http://embriaguezliteraria.wordpress.com/2013/05/10/resenha-do-filme-kaspar-hauser-1974/

O ENIGMA DE KASPAR HAUSER (1812?-1833): UMA ABORDAGEM PSICOSSOCIAL
Maria Clara Lopes Saboya1
Fundação Instituto Tecnológico de Osasco


 A partir de uma abordagem histórico-cultural em Psicologia, este trabalho analisa o percurso de desenvolvimento de Kaspar Hauser, um personagem real e enigmático que, quando encontrado em Nuremberg, em 1928, com supostamente 15 anos, não sabia falar, nem andar e não se comportava como humano. Até hoje o seu enigma persiste: apesar de muitas hipóteses e suspeitas, não se descobriu sua origem. Apoiando-se em estudos de Vygotsky e Luria, que indicam que a percepção depende, sobretudo, da práxis social, necessária para gestar o referencial cultural de apreensão da realidade, a autora analisa como se articulam linguagem e pensamento no desenvolvimento cognitivo de Kaspar Hauser e como ele concebe o mundo que o cerca, tendo sido privado dos filtros e estereótipos culturais que condicionam a percepção e o conhecimento. Continue a lendo em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-65642001000200007&script=sci_arttext

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