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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

“Belo Monte: depois da inundação” na ilha

Na sexta-feira o Cine Werá Tupã fecha o ciclo de exibições de filmes com “Belo Monte: depois da inundação”,  recem lançado em Brasília. 




Dia 16/12 às 9:30 - 13:30 -



O filme retrata os impactos sobre populações e o meio ambiente da obra. Expondo as mobilizações dessas populações para denunciar as violações de seus direitos, em Altamira (PA). Especialistas e representantes de organizações da sociedade civil, incluindo o ISA, também marcaram presença no lançamento, que contou com um debate.
 


“Se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai até Maomé. Então nós vamos levar Belo Monte para o conhecimento de todos”, disse Todd Southgate, diretor do documentário.
 

“Vendo esse filme de volta, eu relembro tudo o que eu passei. Mas a gente nunca deve desistir. Nós somos fortes, nós jamais desistimos e não vamos desistir da luta”, disse Raimunda Silva, moradora de Altamira, após a exibição. Ela é uma das personagens retratadas em luta ativamente pelos direitos dos impactados pela obra.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Now, Santiago Alvarez. (Cuba, 1965)

da serie: Filmes inspiradores!!!

 NOW! AGAIN! (USA, 2014), by Alex Johnston - video montage and remake of Santiago Alvarez 1965 classic look at race, violence & power in America.
     

1912 - O Quebra de Xangô, Siloé Amorim. (Brasil, 2006)

A história de repressão aos cultos afro-brasileiros não é restrita a casos isolados no Brasil, acontecendo em todo o território nacional. Em Maceió, em 1º de fevereiro de 1912, a intolerância racial e religiosa parece ter atingido um dos seus níveis mais violentos. O quebra-quebra atingiu todos os terreiros da cidade, convertendo-se em um massacre e deixando marcas profundas na cultura local... Confiram, para que nao se repita!



Ainda pra quem estiver por sampa...

 via Erika Amaral

PROGRAMAÇÃO
(Sala 266, Letras)
7 de dezembro

14h: Abertura
Conferência: Modernismo brasileiro e Cinema Novo, Prof. Dr. Ivan Marques

14h50: Comunicações – Sessão 1
Coordenação: Profa. Dra. Andrea Saad Hossne
- A violência sexual em narrativas de Sérgio Sant’anna, Larissa Higa
- Apontamentos sobre o corpo em “Acenos e afagos”, de João Gilberto Noll, Gabriela Ruggiero Nor

15h40: Intervalo

16h: Oficina Introdução à análise fílmica, Daniel Obeid

17h: Comunicação: Uma reflexão sobre “A festa da menina morta”, de Matheus Nachtergaele, Dharla Soares

Apresentação: Projeto de pesquisa Literatura e cinema no Brasil contemporâneo, Prof. Dr. Jaime Ginzburg


8 de dezembro

14h: Conferência: O apólogo cinematográfico de Machado de Assis, Prof. Dr. Hélio de Seixas Guimarães

14h50: Comunicações – Sessão 2
- Figurações da malandragem: uma proposta de aproximação entre João Antonio e Nelson Pereira dos Santos, Vinícius da Cunha Bisterço
- Curto-circuito sibilino: a parceria entre Manoel Oliveira e Augustina Bessa-Luís, Edimara Lisboa
- Poesia, modernismo e cinema: Carlos Drummond de Andrade e Joaquim Pedro de Andrade, Fernanda Sampaio

16h: Intervalo

16h10: Comunicações – Sessão 3
Coordenação: Prof. Dr. Marcos Flamínio Peres
- Narrativa e violência em “Grande Sertão: veredas” e “Deus e o diabo na terra do sol”, Ariadne Arruda, bolsista PIBIC-CNPq
- Um olhar sobre “Elena”, de Petra Costa, Mayara Luiz Barbosa
- Entre o passado e o presente: a violência em contos de Bernardo Kucinski e Beatriz Bracher, Beatriz Giorgi

17h10: Conferência: Apontamentos sobre a guerra colonial em África na literatura e no cinema português, Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno

18h: Encerramento das atividades

Não é necessária inscrição prévia
Evento gratuito
Organização: Prof. Dr. Jaime Ginzburg
E-mail: litaut@usp.br

Objetos e Perspectivas na FFLCH/USP


via Erika Amaral


segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Festival do Filme Anarquista e Punk de SP




FILMES
Sessão Escolas em Luta I | sábado, 03/dez – 14hs | SALA 1
  • Acabou a Paz, isto aqui vai virar o Chile! – Escolas Ocupadas em São Paulo
     (Documentário, 60min | Carlos Pronzato, Lucas Duarte | 2016 | São Bernardo, Diadema e São Paulo- SP)
A saga dos estudantes secundaristas de São Paulo por uma educação de qualidade. O levante do segundo semestre de 2015 contra o fechamento de 94 escolas, culminou na ocupação de mais de 200 que seriam afetadas pelas ações de precarização do ensino público engendradas pelo Governo de Geraldo Alckmin que vem perdendo apoio dia a após dia. A coragem, a autonomia, a horizontalidade, a solidariedade demonstrada pelos secundaristas e o apoio popular presentes! Os gritos seguem ecoando na rua talvez anunciando uma profecia já concretizada: Acabou a paz, isto aqui vai virar o Chile!
  • DESOBEDIENTES, Uma lição de Resistência
     (Documentário, 20min | Lucas Duarte de Souza | 2016 | São Bernardo e São Paulo/SP)
Um grupo de estudantes secundaristas ocupam o prédio mais importante do ensino técnico de São Paulo. A ação ira o estado, que envia seu exército para tentar vencer ilhados o pequeno grupo da resistência. Desse acontecimento surge um dos mais lindos exemplos de resistência não violenta do atual momento. Essa ficará sendo a incrível aula dos estudantes sobre desobediência civil durante a reintegração de posse do Centro Paula Souza. Resistir sem violência, enfrentar um verdadeiro exército com atitudes, cantigas, ideias, abraços, palavras, argumentos e a mais intensa coragem e solidariedade ocupando a história.
  • + exibição do curta “O que é autonomia?”
      (Documentário, 4min | SubMedia.tv | 2016 | legendas em português)
“A is for Anarchy” é uma série em vídeo mensal sobre os conceitos, teorias e pensamento anarquista. Este pequeno episódio fala sobre a idéia de Autonomia.
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Sessão Anarquismo e Repressão | sábado, 03/dez – 16hs | SALA 1
  • Valentín, A Outra Transição (Documentário, 54min | CGT | 2016 | Espanha | legendas em português)
Documentário autoproduzido pela CGT que analisa o assassinato do jovem membro da CNT, Valentín González, ocorrido em Valência em junho de 1979, e o contexto político e social no qual ocorre, a partir de um posicionamento crítico e libertário.
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Sessão | Hagamos lo imposiblesábado, 03/dez – 17h30 | SALA 1
(Documentário, 40 min | Cia Bueiro Aberto | 2015/2016 | São Paulo | legendas em português)
O Documentário é um retrato fiel de um dos maiores movimentos culturais e juvenil atuante na Argentina. Filhos do levante nacional de 2001, Hagamos Lo Imposible é a chama acesa na luta por justiça, igualdade e liberdade.
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Sessão Hacktivismo | sábado, 03/dez – 19hs | SALA 1
Sessão seguida de debate com Cin´Surgente (DF, grupo realizador do filme) e Rhatto (Participou do Centro de Mídia Independente, Rizoma das Rádios Livres e do Grupo Saravá)
  • pUNk[A]h4ck1ng (Documentário, 33min | Cin’Surgente – [A]filmes | 2016 | Brasília/DF)
Documentário sobre memórias e futuros imaginados da relação entre punk, anarquia e hacktivismo. a memória se inscreve ao contexto de duas situações agitadas em brasília, a circulação, via disquetes e cds, de material anarquista, punk e de softwares livre pela 3137r0_p4nx (eletropunx) – editora digital – em 1998 e um evento experimental sobre cibercultura no ano 2000. os futuros imaginados nascem das memórias do contexto punk londrino por um hacker inglês e suas reflexões para daqui em diante, e das memórias de uma hacker brasileira, que transitou pelo punk no início deste século, e que hoje atua na criação e na propagação de hackerspaces e das ações de merry riot do “b[A]leia pret[A] hacker sub_clube”.
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Sessão | sábado, 03/dez – 14h20 | SALA 2
  • Enquadro (Documentário, 25min | Lincoln Péricles, Adriano Araujo, Talita Araujo, Laura Calansans | 2016 | São Paulo/SP)
A matéria grita, revolta.
  • O Sepulcro do Gato Preto (Documentário, 25min | Oloeaê Filmes | 2015 | São Paulo/SP)
A busca por um jovem desaparecido no subúrbio de São Paulo leva seus amigos a uma história ainda maior: o desaparecimento de uma comunidade inteira na região norte da cidade. Em meio à história da exploração do minério ao suor dos trabalhadores locais, os jovens caminham pelos escombros com uma câmera na mão, e são surpreendidos por aqueles que ainda lutam pela comunidade.
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Sessão | Peligro Socialsábado, 03/dez – 15h30 | SALA 2
(Documentário, 25min | Guillermo Tupper, José Manuel Dávila, Juan Dávila, Isabel Trillo e Xavier Ortiz | 2013 | Espanha)
No início dos anos 80, um pequeno grupo de mulheres rebeldes tomou de assalto as ruas de Barcelona para criar sua própria revolução através do punk e dinamitar os esquemas conservadores de uma sociedade que saía de uma ditadura de quarenta anos.
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Sessão Movidas! |  sábado, 03/dez – 16h30 | SALA 2
  • NoisDaRua (Documentário, 10min | Noise Coletivo | 2015 | São Vicente/SP)
Na madrugada de 19 de agosto de 2004, dez moradores de rua foram atacados na região da Praça da Sé, em São Paulo. Seis deles morreram na hora. No dia 22, novo ataque, onde cinco moradores de rua foram atacados, e um deles morreu. Em 19 de agosto de 2014, 10 anos após os ataques, moradores em situação de rua se reuníram em Santos, e saíram em passeata do Centro POP (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua) caminhando até o campus da Unifesp, onde foram recebidos e puderam expressar seus sentimentos. Este documentário ouve alguns deles.
  • Operação 2,80: e a revolta popular só aumenta (Documentáro, 24min | Coletivo Desneuralizador | 2016 | Goiânia/GO)
No dia 23 de maio de 2014, três estudantes foram surpreendidos em suas casas, ainda de madrugada, por policiais fortemente armados e com os rostos cobertos. Executava-se uma ordem de busca e apreensão pela Polícia Civil do Estado de Goiás. Estava deflagrada a Operação 2,80, que deixou os três na cadeia e um outro foragido. O único crime cometido foi lutar contra o aumento da tarifa de trasporte coletivo e pela dignidade do serviço.
  • Plano Aberto (Documentário, 26min | Ventura Filmes | 2016 | Rio de Janeiro/RJ)
Leonardo é militante de um coletivo autonomista do Complexo do Alemão que luta pela saída da UPP da favela. Geandra é uma atriz de um uma companhia de teatro marginal da Maré. Alice é uma cineasta que realiza cinema independente na zona norte da cidade. Zé faz parte da luta do Movimento Passe Livre por uma revolução urbana. Jovens ativistas vivem e constroem novas formas de resistência nas periferias do Rio de Janeiro.
  • Fomos filosofia e poesia, Seremos crime? (Documentário, 17min | Charles Feitosa, Renato Rezende e Vinicius Nascimento | 2016 | Rio de Janeiro/RJ)
Terrorista é o estado
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Sessão | “Elisée Reclus, a paixão do mundo” | sábado, 03/dez – 18hs | SALA 2
(Documentário, 53min | Nicolas Eprendre | 2012 | França)
Documentário sobre Elisée Reclus, geógrafo francês e anarquista. O filme retrata uma personalidade incomum, ao mesmo tempo grande viajante, renomado cientista e pessoa de convicção, pensador anarquista de grande importância no século XIX.
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Sessão Anarquismo na América Latina | sábado, 03/dez – 19h15 | SALA 2 | ESTRÉIA
  • Conversa no Terruño: Anarquia no sul da América Latina com Maria Eva Izquierdo e Osvaldo Escribano
(Documentário, 60min | Lentes Indômitas | 2016 | SP/RJ)
No território denominado pelo E$tado como Uruguai encontramos Maria Eva Izquierdo e Osvaldo Escribano. Em uma conversa no Terruño Del Pinar, um lugar comunitário onde convivem com antigxs e novxs companheirxs da região e do mundo todo que por ali passam, nos contaram sobre suas experiências de vida e luta, onde a anarquia se entrelaça com o feminismo, o vegetarianismo com a libertação da terra, e as lembranças da Comunidad del Sur com as movidas atuais das Okupas e Espaços Libertários. Esse registro foi realizado em um momento paralelo às ações contra o desalojo do Centro Social La Solidaria , do qual Maria Eva e Osvaldo participam ativamente – nem tudo está à venda, La Solidaria resiste!
***
Sessão Mulheres, lutas e subjetividades | sábado, 03/dez – 20h30 | SALA 2
  • Filhas da Luta (Documentário, 6min | Coletivo Pitoresco | 2016 | Rio de Janeiro/RJ)
“O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”. Simone de Beauvoir
  • A cama, o carma e o querer (Experimental, 21min | Núcleo de Comunicação Alternativa | 2016 | São Paulo/SP)
A cama, o carma e o querer é um experimento poético, videográfico concebido em 4 capítulos. é uma parceria do Núcleo de Comunicação Alternativa com a Capulanas Cia de Arte Negra. O curta discute o prazer e a dor no universo da sexualidade da mulher negra em uma sociedade machista e racista.
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Sessão | A primeira boca, a primeira casa: Relatos sobre o novo Batuque de Umbigada
domingo, 04/dez – 14hs | SALA 1
  • (Documentário, 75min | Núcleo de Comunicação Alternativa | 2015 | São Paulo/SP)
    0 filme documentário “A primeira boca, a primeira casa: Relatos sobre o novo batuque de umbigada” é um registro profundo e sensível sobre a genuína manifestação do Batuque de Umbigada no oeste paulista. Esta manifestação só é encontrada em São Paulo nas cidades interioranas que seguem as antigas linhas férreas da São Paulo caipira. Foi trazida para o Brasil por intermédio dos negros Bantu, trazidos a força para o trabalho escravo nas lavouras de cana de açucar e de café ainda no período colonial. O Batuque de Umbigada resistiu com altos e baixos ao longo dos anos pela paixão das famílias negras mais antigas das cidades de Capivari, Tiête e Piracicaba e hoje é celebrada por jovens brancos e negros de diferentes classes sociais. Tendo com isso sofrido inúmeras transformações no modo de confeccionar os tambores, no modo de dançar e no entendimento dos mestres com as novas gerações. Desse conflito entre a tradição e a modernidade nasce o filme. Buscando evidenciar o quanto o choque entre as instituições, os jovens e os mais velhos torna viva a tradição.
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Sessão Escolas em Luta II | domingo, 04/dez – 16hs | SALA 1 
seguida de debate com Beatriz Alonso (diretora do filme) e Lilith Cristina Passos (estudante da E.E. Maria José)
  • Lute como uma menina! (Documentário, 83min | Beatriz Alonso e Flávio Colombini | 2016 | São Paulo/SP)
    Este documentário conta a história das meninas que participaram do movimento secundarista que ocupou escolas e foi às ruas lutar contra um projeto de reorganização escolar imposto pelo governador de São Paulo que previa o fechamento de escolas. Essas meninas contam suas aventuras enfrentando figuras de autoridade, desde a luta para tomar a direção das escolas até a violência desenfreada da policia militar. Uma importante reflexão sobre o feminismo, o atual modelo educacional e o poder popular.
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Sessão Revolução Curda | domingo, 04/dez – 14h10 | SALA 2
  • Rojava: Democracia Sem Estado (Documentário, 12min | 2015 | legendas em português)
Documentário que retrata um pouco sobre como os curdos estão vivendo e se autogerindo através da organização popular.
  • Her War: Women vs. ISIS (Documentário, 54min | RT | 2015 | legendas em português)
Documentário que relata a situação, diante da ameaça mortal representada pelo chamado Estado Islâmico, onde muitas mulheres curdas decidem não deixar nas mãos do destino sua sobrevivência. Ao invés disso, elas lutam por suas vidas e seu futuro. Pegam em armas e se juntam a YPG – Unidades de Proteção Popular com curdos que defendem as fronteiras da sua cidade, a partir de militantes. O inimigo teme mulheres guerreiras. Jihadistas acreditam que se eles são mortos por uma mulher vão direto para o inferno.
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Sessão | domingo, 04/dez – 15h30 | SALA 2
  • La Utopía – Unidiversidad Agroecológica  (Documentário, 38min | LaPira Colectivo | 2016 | Colômbia | em espanhol)
    Um espaço verde, nasce em meio a montanha, um espaço para as práticas libertárias, a permacultura, a aprendizagem e o compartilhamento de conhecimentos. La Utopía é um caminnar, resultado de diversas experiências nos espaços de horta caseira e urbana na cidade de Cali. Este projeto coletivo busca resgatar as sementes, sua memória histórica, seus procedimentos de semeadura e combater o avanço da indústria agrotóxica em nossos territórios. La Utopía, é um espaço de portas abertas a todo individuo que esteja interessado em compartilhar, desaprender e aprender novas experiências.
  • Apyka’i – Os Mortos tem Voz (Documentário, 22min | Comitê de Solidariedade aos Povos Indígenas | 2016 | Araraquara/SP)
    Documentário produzido pelo Comitê de Solidariedade aos Povos Indígenas, da cidade de Araraquara (SP), retratando a realidade da retomada de Apyka’i, localizada a 7km de Dourados, no Mato Grosso do Sul, a partir de testemunhos dos próprios indígenas Guarani e Kaiowa. Damiana e Nivaldo dividem falas e rezas sobre as difíceis condições de vida na comunidade, e denunciam a violência do agronegócio contra a vida de seu povo: ataques químicos, atropelamentos criminosos, assassinato por arma de fogo são apenas alguns dos crimes realizados pelos fazendeiros e seus jagunços na região. Recentemente, novo pedido de reintegração de posse foi aberto contra a comunidade, a partir do proprietário da fazenda que incide sobre o território indígena. Quais os interesses por trás do avanço do agronegócio e do capital sobre a terra Guarani e Kaiowá? O que está por trás da violência dos fazendeiros e do terrorismo de Estado? O que esconde o arrendamento de terras para a Usina São Fernando, cujo dono é Bumlai? Quem é Bumlai, cujas mãos estão sujas de sangue, e o que representa a produção de monocultura de cana-de-açucar para Etanol na conjuntura? Que as sábias palavras sagradas do povo Guarani e Kaiowá possa esclarecer os caminhos de superação do ecocídio, do genocídio e etnocídio contra os povos indígenas, no sentido de uma sociedade emancipada do capital e do estado. Todo direito à terra para os povos indígenas! Deixe o apyka’i viver! Contra a reintegração de posse! Comitê de Solidariedade aos Povos Indígenas – Araraquara
  • + curta “O Que é Apoio Mútuo?”
       (Documentário, 6min | SubMedia.tv | 2016 | legendas em português)
Em um mundo dominado pela competição capitalista incessante, onde as pessoas são levadas a trabalhar umas contra as outras, xs anarquistas propõem uma visão diferente: Apoio Mútuo.
***
Sessão Ficções e Realidades | domingo, 04/dez – 16h50 | SALA 2
  • Transmutação (Ficção, 5min | Companhia Bueiro Aberto | 2015 | Guarulhos/SP)
Um homem entre o vazio solitário e a libertação completa, do lodo à luz. Inspirado no poema homônimo de Renato Queiroz, do livro “Rabiscos Surrados, “Transmutação” é um curta-metragem produzido pela Companhia Bueiro Aberto em parceria com o Jornal Dialética, com atuação de Warley Noua.
  • O Assalto (Ficção, 1min | Ladesgracione | 2016 | Araçatuba/SP)
um assaltante filma e dirige seu próprio filme num assalto
  • #Ocupação (Ficção, 15min | Cine81 | 2016 | Brasília/DF)
Um prédio abandonado no centro da capital do país, que não cumpre sua função social. Um pequeno grupo de ocupantes estão prestes a serem retirados pela polícia e pelo estado. Exaustos e trancafiados dentro de um quarto, discutem as possibilidades do desistir ou se devem continuar o resistir. Do lado de fora, política, violência e opinião pública, todos estão contra eles, e tentam força-los a abandonar o prédio. Resistir essa é a palavra de ordem.
  • Impeachment & Golpe: Mestre dos brinquedos (Animação, 4min | Biblioteca Terra Livre | 2016 | São Paulo/SP)
De um lado a direita descarada, do outro a pseudo esquerda. Abaixo a população. Impeachment? Golpe? Seja lá o nome, mais um episódio no teatro “democrático” representativo em que a gente é só bonequinho. Segue o plano do mestre dos brinquedos. Uma rápida análise anarquista da conjuntura. Não vote! Se organize e lute!
  • Mozos de Restauran (Animação, | Jose Maria Saravia | 2016 | Argentina)
Mozos de Restauran ilustra aspectos da vida de um trabalhador gastronômico neste mundo neoliberal de trabalho precarizado
***
Sessão Gentrificação e Luta Por Moradia | domingo, 04/dez – 17h30 | SALA 2
  • Milagres (Documentário, 20min | AOFILMES | 2015 | Olinda/PB)
Através de relatos sobre memórias e vivências marcantes, mulheres compartilham seus vínculos com o mar dos Milagres.
  • Ostentação (Documentário, 24min | Funk Filmes | 2016 | Belo Horizonte/MG)
Ostentação: ato ou efeito de exibir com pompa e vaidade, bens, direitos e propriedades, fazendo referência à necessidade de se mostrar luxo ou riqueza. Em meio à realidade brasileira de contrastes sociais extremos, o documentário lança um olhar a partir dessa palavra-chave sobre a cidade de Belo Horizonte, e encontra a Cidade Administrativa de Minas Gerais e o seu entorno.
  • Há um Dragão na Guanabara (Documentário, 13min | Ventura Filmes | 2016 | Rio de Janeiro/RJ)
Estivadores da Zona Portuária do Rio de Janeiro lutam para sobreviver à chegada de um poderoso Dragão às águas da Baia de Guanabara.
  • Artigo sexto (Documentário, 20min | Coletivo Na Ladeira e Coletivo Pitoresco | 2015 | Rio de Janeiro/RJ)
O curta documenta as condições de miséria, em que vivem as famílias, que ocupam o antigo prédio do IBGE, próximo ao Maracanã e a quadra da Mangueira.
  • curta “O Que é Nacionalismo?” (Documentário, 6min | SubMedia.tv | 2016 | legendas em português)
Não é nenhum segredo que anarquistas não gostam de Estados. De fato, nós geralmente nos definimos por nossa rejeição e oposição a instituições do Estado, como governos, policia, e prisões. Mas embora se opor a estas manifestações físicas do Estado é certamente uma parte importante da prática anarquista, as críticas ao Estado vão mais além, e incluem as relações sociais e ideológicas que tem sido usadas historicamente para criar os estados e impor sua autoridade. Um dos mais importantes destes conceitos é o nacionalismo. Então, o que é exatamente e porque anarquistas são contra isso?
***
DEBATES
03/12 – sábado
19hs | SALA 1 | Bate-papo sobre Hacktivismo após a exibição de pUNk[A]h4ck1ng com Cin´Surgente (DF – coletivo realizador do filme)Rattho (Participou do Centro de Mídia Independente, Rizoma das Rádios Livres e do Grupo Saravá)
04/12 – domingo
16:00 | SALA 1 | Escolas em Luta! com Beatriz Alonso (diretora do filme “Lute Como uma Menina!“) e Lilith Cristina Passos (estudante da E.E. Maria José)
***
OFICINAS
03/12 – sábado
  • 11hs | OFICINA Uma breve introdução a linguagem cinematográfica – com Ana Julia Travia
Uma oficina audiovisual com perspectiva feminista dedicada a mulheres que procuram a sensibilizar o olhar. Em três horas de oficina, será apresentada referências de curta-metragens e textos de teoria cinematográfica feministas, depois as participantes da oficina terão um tempo para roteirizar e fazer um vídeo com os equipamentos disponíveis.
Inscrições – 1 hora antes (com a equipe do Festival).
vagas: 20 – apenas para mulheres (cis e trans)
17hs | Sessão Mulheres, Corpo e Autonomia
Seguida de roda de conversa-oficina com Ellen sobre autonomia, saúde das mulheres/sistema uterogenital
  • MIAU – Movimento Insurrecto pela Autonomia de Si Mesma
    (Documentário, 80min | MIAU | 2014 | Chile | legendas em português)
Documentário para o autoconhecimento de nossos corpos limitados pela ignorância ensinada e imposta pelo patriarcado. É uma introdução a vivências de meninas que descobriram que seu corpo é uma fonte de sabedoria e que a sororidade é outra forma de curar.
*Apenas para mulheres (cis e trans)
04/12 – domingo
11hs | OFICINA
Captação de audio para audiovisual – Com Avelino Regicida
Com gravador de áudio, celular e diferentes tipos de microfones vamos praticar alguns exercícios básicos de monitoramento e captação de áudio para situações comuns que encontramos no audiovisual.
***
FEIRA DE MATERIAIS LIBERTÁRIOS
Durante todo o Festival haverá espaço para venda, distribuição e troca de livros, filmes, materiais libertários e comida vegana no Espaço Jaime Cubero | para expor escreva para festival@anarcopunk.org


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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

CINEMA E ANARQUIA

RESENHA DE UM LIVRO FUNDAMENTAL



Por Margarida Maria Adamatti 

No fim de 2009, a Cinemateca Brasileira traduziu e publicou um livro sobre cinema e história, mas o trabalho não repercutiu como devia. Apesar dos deslizes da tradução (as notas de rodapé – mais de 400 – estão fora de ordem), o livro nos ensina muito sobre as dificuldades de quem se aventura a entender a forma cinematográfica em sua historicidade. Um trabalho equivalente a Cinema e Anarquia, feito no Brasil, seria de grande proveito para nossa pobre historiografia.


Georges Méliès, Émile Cohl, Man Ray, Hans Richter, Jean Vigo. Qual a ligação possível entre estes cineastas? O Anarquismo. Esta é a tese de Isabelle Marinone, professora da Université Paris 3, que publica originalmente no Brasil o livro Cinema e Anarquia – uma história “obscura” do cinema na França (1895-1935), com o apoio da Editora Azougue e da Cinemateca Brasileira, através da III 
Jornada Brasileira do Cinema Silencioso.

Marinone mapeou as influências anarquistas no imaginário e na produção de cineastas de idos de 1895 até 1935. A temática, pouco estudada até então, esclarece uma rede imbricada de relações, que contribuem para um novo olhar de uma história “obscura”, como ela define, do cinema francês. O ponto inicial é a concepção artística do movimento libertário de Pierre-Joseph Proudhon, que defendia a utilização do anarquismo na arte como forma de manutenção de todas as liberdades e para fazer desaparecer o princípio da autoridade ou das instituições.





A partir daí, o livro mapeia as ligações entre os ecos deste pensamento com os estilos cinematográficos ou com os trabalhos pioneiros de cineastas. Mais do que isso, a autora observa uma vontade de ruptura quando o ideário anarquista se misturou com o cinema. Ruptura pela forma, ou pelo conteúdo, ou pelos dois ao mesmo tempo. Não se trata de afirmar que Méliès ou Hans Richter eram anarquistas, mas de entender, a partir de ampla reconstituição de documentos de época, material de arquivo e textos da imprensa, o uso das representações do ideal libertário nos meios artísticos cinematográficos. Dessa maneira, a perspectiva microscópica e macroscópica liga a teoria sobre a arte como forma de incidir sobre a política. Como princípio norteador, a pesquisadora divide os cineastas em dois grandes grupos. O primeiro composto por militantes anarquistas engajados ou por descendentes de militantes, como Armand Guerra, Gustave Cauvin, Jean Vigo. O segundo, contendo os intelectuais com tendências libertárias, tais como Luis Buñuel, Émile Cohl, Man Ray e Georges Méliès.

Assim, Marinone traz à luz uma porção de informações desconhecidas pelo grande público que formalizam uma história do pensamento anarquista no cinema, não só como postura política, mas acima de tudo como postura artística e educadora. Desde a narração sobre a presença do líder sindicalista Paul Delesalle nas etapas da formalização dos testes do cinematógrafo de Lumière, até as informações sobre a decoração do Cabaret Noir, reduto dos Incoerentes. Lá, os garçons serviam os clientes vestidos de diabinhos, tema que pode ter dado inspiração ao frequentador da casa, Georges Méliès. Como, após a leitura do livro, não relacionar os diabinhos dos filmes de Méliès a uma influência do movimento Incoerente e do Cabaret Noir? Uma alusão singela que também pode ser indicativa do imaginário do período, não apenas do imaginário libertário, como bem aborda a autora. É como se Marinone revelasse histórias secretas até então, que readquirem um significado com outra dimensão.
Numa narrativa fragmentada dada à recorrência e intercâmbio de temas e histórias, não temos somente informações sobre anarquistas ligados ao cinema, mas uma possibilidade de renovar o papel do imaginário libertário no cinema. Esse tipo de estudo não é recorrente porque se trata de um trabalho ao mesmo tempo ancorado em ampla pesquisa histórica, mas também no princípio da incerteza e das possibilidades, longe das pretensões objetivas das narrações sobre as histórias do cinema. Trata-se de um tipo de investigação muitas vezes deixado de lado pela dificuldade, e há que se louvar a coragem, originalidade e trabalho de fôlego também pela recusa simples da objetividade mais óbvia. Em nenhum momento, a autora afirma categoricamente a influência em determinado plano de um filme com os ideais libertários, mas apresenta, num grau de complexidade muito maior, os pontos de contato do movimento anarquista com os cineastas a partir de uma nova perspectiva que relaciona política e arte libertária cinematográfica. Ao possibilitar o conhecimento do fazer cinema do movimento libertário, o livro contribui para o debate histórico do cinema de uma cinematografia desconhecida mesmo no seu país de origem.

O primeiro capítulo é dedicado à relação do anarquismo com as vanguardas europeias, duas em especial, o surrealismo e o dadaísmo. O sustentáculo para a comparação é o chamado Movimento dos Incoerentes, os “anarquistas da arte”. Criado em 1882 por Jules Levy, eles contestavam valores estabelecidos, sendo uma espécie de precursores do Surrealismo. Por esta via, Marinone relaciona o trabalho de duas duplas de cineastas. De um lado, Georges Méliès e Émile Cohl, de outro, Man Ray e Hans Richter. Ambos difundiram ideias próximas ao movimento libertário, embora Georges Méliès tenha tido uma relação menos próxima com os Incoerentes do que teve o pai do desenho animado, que participou da fundação do grupo. As similitudes são tomadas como indicativas do grau de conhecimento e influência que o imaginário anarquista possuía entre os intelectuais do período. A relação com o movimento libertário em Émile Cohl não se restringe à inspiração junto ao teatro de sombras do Chat Noir, local onde os Incoerentes se reuniam. Além da utilização de personagens e cenários em branco sobre fundo preto no primeiro desenho animado da história do cinema, Fantasmagoria (1908), característica do teatro de sombras, é possível aludir até a uma certa simpatia ao Bando Bonnot em Pieds-Nickelés (1918), onde se busca gerar a simpatia do público pelo grupo que invade o apartamento de um burguês para se divertir e consegue escapar da polícia fugindo, literalmente, pelo cano.

O tom simpático de Cohl em relação aos bandidos se repete na temática de Méliès em Pick-pocket et policeman (1899), temática onde é recorrente o bem perder para o mal. Sem tentar indicar análises pontuais de cenas para provar a relação com o movimento libertário, a autora relata a participação de Hans Richter no movimento anarquista com sua transferência da militância para a estética pictural e fílmica do dadaísmo. Já a opção de Man Ray passou pela formação numa escola de pintura libertária, e sua posterior definição como artista dadaísta foi acompanhada da adesão às teorias contestatórias e libertárias do movimento. Do lado surrealista, tanto a simpatia declarada de Luis Buñuel pelo anarquismo, quanto a reflexão individualista anarquista de Antonin Artaud são consideradas como formas de ir além das propostas do anarquismo na criação artística porque promoveram uma total inversão de valores.

Desviando-se da trajetória do movimento de vanguarda para o primeiro engajamento coletivo dos militantes anarquistas no cinema, Marinone concentra sua análise no estudo de caso do Cinema do Povo, que existiu na França entre 1913-1914. Tratou-se de uma tentativa pioneira de fazer cinema na forma de cooperativa, como forma de promover objetivos educacionais e humanos. A imagem inicial que os militantes tinham do cinema, como um propagador comercial de ideias capitalistas, se transforma em meio para difundir os ideais libertários e fornecer filmes de qualidade e reivindicatórios voltados aos operários. Fundador do Cinema do Povo, Gustave Cauvin foi pioneiro na formulação de uma teoria sobre o conteúdo social e o uso revolucionário do cinema, mas foi Armand Guerra, anarquista do teatro que deu o tom da produção. O primeiro e segundo filme do Cinema do povo, respectivamente As misérias da agulha (Les miseres de l’aiguille, 1913-14) de Raphäel Clamour, e Vítimas dos exploradores (Victimes des exploiteurs, 1913), abordam a exploração do trabalho feminino. Em ambos, não existe um príncipe encantado que tira as mulheres do ambiente social. Ao contrário, denuncia-se pela primeira vez de forma engajada a exploração feminina.
A Cooperativa Cinema do Povo negava o potencial do melodrama. Com postura inversa, buscava fazer o espectador reagir violentamente diante da situação proposta. Foi a primeira vez que se mostrou e valorizou no cinema a emancipação da mulher e o refúgio no sindicalismo e na organização libertária. A produção se encerra com O velho doqueiro (Le vieux docker) de Armand Guerra, que tem como tema o desemprego de um velho trabalhador após trinta anos de trabalho, mas não sem antes passar pelo filme A Comuna (La Commune,1914) do mesmo diretor. Planejado para ter duas partes, apenas o episódio da Comuna de Paris foi gravado, incluindo o registro documental dos sobreviventes da Insurreição.



Marcados pela falta de recursos e sem tempo suficiente para se firmar como teoria de cinema, a Cooperativa Cinema do Povo encerra suas atividades ainda em 1914 com a chegada da Segunda Guerra Mundial. As razões econômicas que ocasionam seu naufrágio não impediram que este cinema ainda incipiente em forma e conteúdo marcasse o surgimento de um cinema militante de base associativa na França.

A última parte do livro é dedicada a um estudo sucinto do cinema de Jean Vigo e de sua relação com o movimento anarquista por meio de seu pai, Miguel Almereyda, notório militante anarquista. Sem pretender se estender no tema, já abordado por Paulo Emilio Salles Gomes em Jean Vigo, a autora realiza uma leitura de O atalante (1934) como concretização da utopia libertária presente na destruição das instituições em Zero de comportamento (1933), transmutada na forma de indivíduos libertários nômades que são conduzidos apenas pela água e liberdade, numa barcaça sem rumo predeterminado. Partindo da possibilidade de Vigo ter visto o filme Inverno! Prazer dos ricos! Sofrimento dos pobres! (L’Hiver plaisir des riches, soufrances des pauvres), de Armand Guerra, quando acompanhava seu pai nas projeções do Cinema do Povo, ela atenta para um ponto de convergência temática de À Propósito de Nice (1930) com os temas da Cooperativa.


Ao ler o trabalho, fica a questão: qual a diferença da produção cinematográfica do Cinema do Povo com a dos regimes totalitários? A resposta é simples: a emoção e manipulação da realidade. Apesar de não ter tido tempo suficiente para se concretizar enquanto teoria cinematográfica, o Cinema do Povo não pretendeu “manipular”, no primeiro sentido do termo, a realidade na forma mais óbvia, mas tornar os indivíduos mais críticos em relação ao sistema em que viviam. Longe de almejar a aproximação com o público através da emoção melodramática, estes filmes procuravam fazer pensar sobre a sociedade, e de melhorar as condições de vida do proletariado. Antes mesmo do engajamento de alguns cineastas com o cinema social, o Cinema do Povo conseguiu levar a cabo este sonho. Tem-se assim um novo espectro que possibilita pensar numa nova esfera sobre as relações entre política e movimentos artísticos, não apenas sobre a produção dos regimes totalitários, mas também na produção libertária no cinema.

Acima de tudo, o que o livro busca provar é a relação entre alguns importantes avanços do cinema com as influências e pontos de contato do ideário anarquista. A partir da necessidade de liberdade suprema do movimento libertário, a autora demonstra a tentativa dos anarquistas da arte de romper com todas as barreiras, romper com a linguagem e com a forma. Daí a originalidade do estudo e relevância do movimento libertário nas artes, que possibilitou formas de engajamento, que por sua vez permitiram diversos avanços no cinema, avanços estes que partiram primeiro de um movimento político. Deste cinema multifacetado, liberto e admirado por todos pelas rupturas, a autora traz as conexões esquecidas e possíveis com o anarquismo. Deste cinema de vanguarda e educador, ela lembra a opção consciente pelos trabalhadores.

Cinema e Anarquia. De Isabelle Marinone. Rio de Janeiro, Azougue Editorial/Cinemateca Brasileira, 
2009.

publicado originalmente em:  http://www.cinecachoeira.com.br/2012/04/cinema-e-anarquia

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